Em 100 dias de prisão domiciliar, apenas um líder religioso que comanda uma denominação foi autorizado a visitar Jair Bolsonaro: o bispo Robson Rodovalho, fundador da Igreja Sara Nossa Terra. A visita ocorreu em 30 de outubro, dentro de uma janela de horários definida por decisão judicial.
Até esta quarta-feira (12/11), não há registro público de outro dirigente de igreja — como presidentes ou fundadores de denominações — que tenha entrado na residência do ex-presidente para encontro autorizado.
A autorização a Rodovalho foi concedida em meio a um conjunto de decisões que regulamentam as visitas ao ex-presidente. As regras preveem janelas de tempo para entrada e saída, identificação prévia e fiscalização dos visitantes. No mesmo pacote, foram liberadas visitas políticas e institucionais em dias distintos, mas, entre nomes ligados ao meio religioso, apenas o de um líder que preside denominação apareceu com autorização individual para encontro na casa de Bolsonaro.
Antes disso, a Justiça havia negado a inclusão de Rodovalho em um “grupo de oração” organizado no endereço do ex-presidente. A negativa ocorreu porque o formato coletivo poderia burlar o controle de acesso. Dias depois, a defesa apresentou pedido individual, com data e horário definidos, que acabou aceito. Foi nessa condição que o bispo esteve com Bolsonaro em 30/10.
Ao longo desses 100 dias, outras figuras públicas de identidade religiosa visitaram Bolsonaro ou tiveram pedidos analisados. No entanto, não comandam denominações — caso de parlamentares ou líderes de ministérios específicos, sem a posição formal de presidente de igreja. Por isso, não entram no mesmo critério desta reportagem, que considera apenas chefes de igrejas (fundadores ou presidentes de denominações).
A Sara Nossa Terra é uma igreja evangélica de atuação nacional, com templos em diversas capitais e presença ativa em Brasília. Robson Rodovalho é um de seus fundadores e figura central na condução da denominação, o que diferencia sua visita das demais figuras religiosas que não ocupam esse tipo de cargo. A presença do bispo na residência do ex-presidente ocorreu em caráter institucional-religioso e sob as condições impostas pela Justiça.
As decisões que regulam as visitas de Bolsonaro também detalham procedimentos de segurança e fiscalização. Elas exigem identificação prévia, controle de horários e registro das pessoas autorizadas a entrar no imóvel. A cada novo pedido, o Judiciário avalia pertinência, data e faixa de horário, além do objetivo da visita.
Além disso, a conjuntura política ao redor de Bolsonaro inclui restrições específicas a contatos com determinados aliados. Essa moldura ajuda a explicar por que a presença de um dirigente de denominação — caso de Rodovalho — se torna um dado relevante no balanço de 100 dias: ela indica que, para o campo religioso, o canal institucional passou, neste período, por um líder que efetivamente comanda uma igreja.
Eventos religiosos
— A visita de Robson Rodovalho ocorreu em 30/10, com janela de horário definida em decisão judicial.
— O bispo é fundador e dirigente da Sara Nossa Terra, o que o coloca no critério de “chefe de denominação”.
— Em 100 dias, não há registro público de outro presidente ou fundador de igreja com visita efetivada.
— Outras figuras de identidade religiosa tiveram interações no período, mas não comandam denominações.
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