Após discurso contra ativismo judicial, Mendonça surpreende ao apoiar indicado de Lula ao STF
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou ao centro do debate político — mas, desta vez, não por suas críticas ao chamado “ativismo judicial” da Corte. Após ganhar destaque nacional ao defender limites para a atuação do Judiciário, Mendonça enfrentou forte reação nesta quinta-feira (20) ao publicamente apoiar Jorge Messias, atual advogado-geral da União, indicado pelo presidente Lula para ocupar uma vaga no STF.
Nas redes sociais, Mendonça surpreendeu adversários e até aliados ao elogiar a escolha do governo, descrevendo Messias como um nome “qualificado” e apto a assumir a cadeira no Supremo. Mais do que isso: afirmou que atuará junto ao Senado para fortalecer a aprovação do indicado.
“Parabenizo o ministro Messias pela indicação ao Supremo. Trata-se de um nome qualificado da AGU e que preenche os requisitos constitucionais. Cumprimento também o presidente da República pela indicação. Messias terá todo o meu apoio no diálogo republicano junto aos senadores”, escreveu.
Críticas
A publicação provocou uma onda de críticas. Setores conservadores e personalidades da direita reagiram com indignação, já que Messias é apontado como um dos quadros mais alinhados ao PT e ao núcleo jurídico do governo Lula.
O jornalista Eli Vieira recordou, em resposta, episódios em que Messias teria tentado criminalizar o jornalismo investigativo que denunciava censura. Outros seguidores cobraram coerência de Mendonça, relembrando que, dias antes, ele próprio havia denunciado o avanço do ativismo judicial.
Uma internauta questionou a contradição:
“Como o senhor fala em defender o Estado de Direito e, no dia seguinte, parabeniza alguém que integra o sistema que ajudou a corroer esse mesmo Estado?”, publicou.
Uma das críticas mais contundentes veio da juíza afastada Ludmila Lins Grilo, que vive nos Estados Unidos após conflitos com o CNJ. Ela afirmou que Jorge Messias perdeu o visto norte-americano por supostamente apoiar práticas “antidemocráticas” no Brasil, e lamentou o apoio de Mendonça.
“O senhor sabe — ou deveria saber — que a AGU não existe para perseguir adversários políticos nem para atuar como escritório particular de amigos do governo. Seu endosso público é lamentável”, criticou.
Em outra publicação, Ludmila disse que Mendonça não tinha obrigação institucional de se posicionar e deveria, “no mínimo”, manter silêncio até a conclusão da sabatina no Senado.
A indicação de Messias deve enfrentar forte resistência no Congresso, especialmente da oposição. Parlamentares conservadores já sinalizam articulações para barrar seu nome, enquanto Mendonça — indicado por Bolsonaro ao STF — agora se vê pressionado por setores que antes o apoiavam.
A sabatina ainda não tem data confirmada, mas a repercussão antecipada revela o grau de tensão que deverá marcar o processo.
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